A Dieta Mais Bizarra do Mundo: Comer Gelo, Tinta e Sabão

A Dieta Mais Bizarra do Mundo: Comer Gelo, Tinta e Sabão

Tempo de leitura: 5 minutos

Você já ouviu falar de alguém que come gelo compulsivamente? E que tal tinta de parede ou sabão em barra? Pode parecer inacreditável, mas esses comportamentos fazem parte de uma condição real que afeta milhares de pessoas no mundo. Essa condição tem nome, explicações científicas e, em alguns casos, consequências perigosas.

Conheça agora a dieta mais bizarra do mundo, onde o cardápio inclui itens que ninguém consideraria comida — mas que, para algumas pessoas, tornam-se irresistíveis.


O que é a dieta mais bizarra do mundo?

A chamada “dieta mais bizarra do mundo” é baseada na compulsão por objetos e substâncias não comestíveis, como gelo, barro, giz, detergente, cola, cabelo, areia e até metal.

Esse comportamento é classificado como Pica, um transtorno alimentar raro, descrito pela primeira vez ainda na Antiguidade. O nome vem do latim Pica pica, que é o nome científico da gralha — um pássaro conhecido por comer praticamente qualquer coisa.


Quais são os itens mais consumidos?

Os relatos documentados envolvem pessoas que consumiram, de forma contínua e compulsiva:

  • Gelo (Pagofagia)
  • Tinta (principalmente à base de água)
  • Sabão (sabão em barra e detergente líquido)
  • Papel
  • Cabelo (Tricofagia)
  • Areia ou barro (Geofagia)
  • Metal (moedas, tampas de garrafa)
  • Pedaços de parede, cimento ou carvão

Embora essas substâncias não tenham valor nutricional, a vontade de consumi-las se torna incontrolável, especialmente em situações de estresse, carência emocional ou deficiência nutricional.


Por que alguém comeria sabão, tinta ou gelo?

A dieta mais bizarra do mundo está relacionada a fatores emocionais, psicológicos e físicos. Veja algumas causas comuns:

1. Deficiências nutricionais

Estudos apontam que a falta de ferro ou zinco pode levar à pagofagia (compulsão por gelo) ou geofagia (comer terra). O corpo tenta, inconscientemente, repor minerais por meios não convencionais.

2. Transtornos mentais

Condições como autismo, esquizofrenia, depressão e ansiedade severa podem desencadear comportamentos de ingestão de substâncias incomuns como forma de alívio ou auto-estímulo.

3. Gravidez

Mulheres grávidas, principalmente no primeiro e segundo trimestre, podem desenvolver desejos por itens não comestíveis, muitas vezes associados a deficiência de ferro ou alterações hormonais.

4. Estresse e traumas

Em casos de traumas emocionais ou estresse crônico, o cérebro pode buscar conforto em comportamentos repetitivos e sensoriais — como mastigar gelo ou sabão.


Pica: um transtorno alimentar reconhecido

O transtorno Pica está classificado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), utilizado por profissionais de saúde no mundo inteiro. Para ser considerado Pica, o comportamento deve:

  • Durar mais de um mês
  • Não fazer parte da cultura local ou prática religiosa
  • Ser inadequado ao estágio de desenvolvimento da pessoa
  • Prejudicar a saúde física ou mental

Portanto, não se trata apenas de um hábito estranho, mas de um distúrbio que precisa de atenção médica.


Consequências para a saúde

Os itens consumidos nessa dieta não são inofensivos. Veja alguns dos riscos associados:

  • Gelo em excesso pode prejudicar os dentes e causar anemia por mascarar sintomas
  • Tinta e sabão contêm produtos químicos tóxicos e podem causar intoxicação grave
  • Areia, barro ou gesso podem levar à obstrução intestinal
  • Metal e moedas podem perfurar órgãos ou causar envenenamento por chumbo
  • Cabelo pode formar bolas sólidas no estômago, exigindo cirurgia

Além dos efeitos físicos, muitos pacientes com Pica também enfrentam vergonha, isolamento social e depressão.


Casos reais que chocaram o mundo

  • Uma mulher nos EUA foi internada após consumir mais de 1.000 pedaços de sabão em dois anos
  • Um jovem indiano foi submetido a cirurgia para retirar 1,5 kg de moedas do estômago
  • Uma adolescente britânica revelou comer até um tijolo por semana, durante meses
  • Vários casos documentados mostram pessoas viciadas em comer gelo compulsivamente, até desenvolverem danos dentários irreversíveis

Esses exemplos ilustram como a dieta mais bizarra do mundo é um desafio real, que vai muito além de uma simples excentricidade.


Existe tratamento?

Sim! O tratamento envolve:

  • Avaliação médica completa (para verificar deficiências nutricionais)
  • Terapia cognitivo-comportamental (TCC)
  • Suplementação nutricional (principalmente ferro e zinco)
  • Medicamentos psiquiátricos, quando há comorbidades
  • Acompanhamento multidisciplinar com psicólogos, nutricionistas e psiquiatras

Com tratamento adequado, a maioria dos pacientes melhora significativamente, principalmente quando a causa está relacionada à carência de nutrientes ou desequilíbrio emocional.


O comportamento em crianças

Em crianças até 2 anos, colocar objetos na boca é normal e faz parte do desenvolvimento. No entanto, se o comportamento persiste após essa idade, é sinal de alerta.

Pais e cuidadores devem observar:

  • Repetição compulsiva
  • Tentativas de esconder o comportamento
  • Reações emocionais negativas ao ser interrompido

Nestes casos, um pediatra ou psicólogo infantil deve ser consultado imediatamente.


A cultura da “comida estranha” pelo mundo

Apesar do caráter clínico do transtorno, algumas culturas incluem alimentos que podem parecer “bizarros” aos olhos de outras sociedades, como:

  • Argila comestível na África
  • Terra tratada com ervas no Nepal
  • Insetos crus em várias partes da Ásia
  • Giz e carvão vegetal usados em práticas ayurvédicas

No entanto, nesses contextos, o consumo é socialmente aceito e não é considerado um transtorno — o que reforça a importância de avaliar o contexto cultural e individual.


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Conclusão: quando o corpo fala de forma inusitada

A dieta mais bizarra do mundo, composta por itens como gelo, tinta e sabão, é um reflexo de desequilíbrios profundos — sejam físicos, emocionais ou sociais. Compreender essa condição com empatia e conhecimento é essencial para ajudar quem sofre em silêncio e precisa de apoio especializado.

Com informação e tratamento, é possível transformar esse comportamento em algo compreensível, tratável e, acima de tudo, humano.

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